O paciente submetido a transplante de medula óssea na sexta-feira, 3 de maio, passa bem e deverá receber alta em até 15 dias. Ele sofre de mieloma múltiplo, um câncer das células plasmáticas da medula óssea. Esse foi o 80º transplante autólogo de medula óssea realizado no Ceará pela a equipe do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce) e do Hospital Universitário Walter Cantídio. O primeiro transplante autólogo realizado através do Sistema Único de Saúde do Ceará aconteceu em setembro de 2008 e desde então o número de transplantes é crescente ano a ano. Foram dois transplantes em 2008, sete em 2009, 14 em 2010, 17 em 2011, 26 em 2012 e este ano, 13 até agora, média de quatro transplantes por mês. Com base nesses números, o chefe da equipe médica de transplante do Hemoce, Fernando Barroso, estima que este ano serão realizados 36 transplantes de medula óssea, novo recorde estadual.
A medula óssea é um líquido que fica armazenado dentro de alguns ossos do nosso corpo e que tem como função produzir as células do sangue. O transplante de medula óssea é um tipo de tratamento para algumas doenças que afetam as células do sangue, como leucemia e linfoma. Consiste na substituição de uma medula óssea doente, ou deficitária, por células normais de medula óssea, com o objetivo de reconstituição de uma nova medula saudável. O transplante autólogo é aquele em que o paciente recebe células sadias da própria medula. No transplante alogênico a medula vem de um doador. O transplante também pode ser feito a partir de células precursoras de medula óssea, obtidas do sangue circulante de um doador ou do sangue de cordão umbilical. No Hemoce, o Banco de Sangue Umbilical e Placentário do Ceará, o único em toda a região Nordeste, está com 60 amostras preservadas, com disponibilidade para transplante de 90%, bem acima da média nacional, que é de 50%.
Para aumentar as chances de vida dos pacientes que necessitam de transplante alogênico, é preciso aumentar o número de pessoas cadastradas como doadores de medula óssea. Atualmente, o Ceará reúne aproximadamente 115 mil pessoas cadastradas no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome). Vale ressaltar que no Brasil as chances de encontrar uma medula compatível é de apenas 1 em 100 mil, por isso, quanto mais pessoas cadastradas mais chances de compatibilidade. Para se cadastrar basta estar saudável, ter entre 18 e 55 anos e apresentar documento de identificação com foto, como carteira de identidade, de motorista ou de trabalho. O candidato preenche uma ficha com seus dados pessoais e colhe uma amostra de 10 ml de sangue.
O Ministério da Saúde aprovou o projeto para habilitação de transplante alogênico no Ceará, no valor de R$ 1,4 milhão. O recurso está sendo utilizado na obra de ampliação unidade de transplantes de medula óssea do Hospital Universitário, que passará dos atuais quatro leitos para oito. A obra será concluída até o final de 2013 e segundo previsão do médico Fernando Barroso, o primeiro transplante alogênico do Ceará deverá ser realizado ainda este ano, no segundo semestre. O Hospital Albert Einstein, de São Paulo, será parceiro do Hemoce, como unidade de suporte para contra-referência. O Ceará será o quarto estado nordestino a realizar transplante alogênico, depois de Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Norte. O Hemoce iniciou em 2012 a coleta não aparentada de medula óssea para transplante alogênico. Dois pacientes foram beneficiados. A primeira coleta foi realizada em julho e o receptor mora na Itália e segunda coleta aconteceu em outubro e o beneficiado mora em São Paulo.
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